segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

“Eu vejo você”




“Eu vejo você”


Todos pararam por causa da falta de energia elétrica que ocorreu em algumas cidades do país, no final desse ano de 2009, e todos pararam para ver um filme fictício tão esperado como o 2012, cujo enredo mostra uma catástrofe que envolve questões ambientais. Ou então, quando alguns governantes se reuniram para discutir sobre a temperatura da Terra, que se não for reduzida provocará efeitos destrutíveis.

Como é incrível que, na maioria das vezes, se faz necessário um grande estímulo externo para percebemos o que há de errado. Fala-se de diretos e deveres, fala-se de manter as aparências, mas no final o que realmente importa?!

A maioria de nós vive em um ‘mundinho’ particular. Trabalhamos, estudamos, cuidamos da nossa ‘vidinha’, e há aqueles que ainda arranjam tempo para cuidar da vida dos outros. E seguimos assim, conhecendo pessoas, amando a uns e odiando a outros. Mas, o que realmente importa para a maioria é fazer de tudo para manter o equilíbrio dessa ‘vida’. E no final, não é que somos egoístas, apenas estamos ‘vivendo’ e ‘tentando’ ser felizes, o que há de errado nisso?!

Olhamos apenas para nós mesmos e nos esquecemos que desde que o ser humano se entende por gente, um é dependente do outro. É fato de que “o meio determina o comportamento do indivíduo”. Mas, pelo contrário, vamos seguindo com um pensar de que o ‘outro’ só é importante quando necessitamos, ou quando podemos tirar proveito dele.

Então, quando menos esperamos de repente, o ‘universo’ nos manda alguns sinais: fome aqui e ali, uma enchente aqui outra acolá, outros estão em guerra e por ai vai indo. Abalamo-nos na hora, mas depois passa, afinal, não é na nossa casa que falta alimento, ou muito menos é o nosso bairro que está alagado. Vamos para a escola, ou o trabalho e até comentamos com nossos colegas o acontecido, pois é uma maneira de nos mostrarmos ‘atualizados’ aos outros.

É inacreditável se pararmos para analisar o quão isso soa egoísta, a verdadeira preocupação e frustração só aparece quando acontece alguma coisa nesse nosso ‘mundinho’, quando for a nossa casa que aparecer alagada na TV. Quando foi que perdemos a noção de que cada um é ligado ao outro de alguma maneira? Quando vamos começar a olhar além do que está diante de nós?

Mais um filme estreou, AVATAR, e vejo pessoas saindo do cinema maravilhadas pela super produção, pelos vários efeitos especiais. Depois, fico sabendo de um comentário que realmente me surpreendeu. A pessoa simplesmente diz que AVATAR foi clichê demais, um mocinho que se apaixona pela mocinha, sendo que ambos possuem diferenças, mas no final tudo se resolve, resumindo o comentário foi essa a opinião. Como podemos ser tão descuidados, para não dizer cegos?

Não sou nenhum crítico de filmes, mas o meu olhar foi totalmente além de efeitos especiais, de me preocupar se o filme possuía o mesmo tipo de romance que vemos na maioria. Fui além!

Observei que cada ser vivo, cada animal podia literalmente se conectar um com o outro, pois cada um deles fazia parte de um TODO, o que muito me fez lembrar de conceitos Wicca.

Uma frase muito falada no filme, que simplesmente pode tentar resumir todo o contexto foi : “I see you” (eu vejo você). Essa expressão vai muito mais além do que no seu significado literal, é no sentido mais amplo, é quando sentimos e percebemos os ‘outros’ a nossa volta e intuímos que eles fazem parte de nós, e que nós dependemos deles, que ambos somos como raízes interligadas umas com as outras, fazendo parte de algo muito maior, podendo aqui ser a própria natureza, o universo, Deus ou qualquer outra força maior.

Penso que clichê somos nós que insistimos em viver no “lugar comum”, em perceber apenas o óbvio. Temos medo do novo, de trilhar outro caminho ou medo de mudar, afinal, toda mudança causa certo desconforto. Podemos enxergar todo esse aparente desconforto como algo negativo, ou simplesmente, enxergar um portal para uma nova vida.

Espero o dia em que realmente vamos viver esse sentido de “Eu vejo você”, de perceber e sentir a vida a nossa volta e entendermos que cada atitude nossa exerce influências no equilíbrio da vida. W.A.

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